segunda-feira, 29 de março de 2010

Show de imagens para contar história de pioneira da aviação



A fotografia é a melhor coisa desta cinebiografia de uma das pioneiras da aviação a americana Amelia Earhart, que como piloto passou toda a vida em busca de desafios cada vez mais difíceis, até desaparecer no mar durante o maior deles, em 1937, em algum lugar entre a Nova Guiné e a California, no trecho final de sua tentativa de voar ao redor do mundo.

Com a oscarizada Hillary Swank, no papel título e Richard Gere como George Putnam, editor e marido da aviadora, o filme de Mira Nair traduz em belíssimas imagens aéreas cada uma de suas aventuras.

Em uma época em que não havia muita tecnologia com que contar, a coragem e a vontade eram os maiores recursos nas mãos de Earhart, que assumia sempre posições consideradas muito modernas para sua época, entre as décadas de 20 e 30, do século XX.

Feminista e independente, Amelia tem até mesmo uma relação amorosa fora do casamento com Gene Vidal (Ewan McGregor), um executivo da área de aviação e pai do escritor Gore Vidal.

Reconhecida em sua época, cortejada por políticos e com uma imagem de heroína em seu país, a piloto só parecia estar realmente a vontade, quando voava.

Vale também observar a incrível semelhança física entre a verdadeira Amelia Earhart e Hillary Swank, que aparece no filme, quase sem maquiagem, retratando alguém que aparentava não ter qualquer preocupação com moda ou glamour, mas que certamente tinha um estilo próprio.

O que é mais incrível é que só agora Hollywood tenha se lembrado de uma personagem com uma trajetória tão fascinante que há muito tempo precisava ser recontada para as novas gerações.

sexta-feira, 19 de março de 2010

Nem a presença de Denzel Washington salva "O Livro de Eli"



O mundo acabou há 30 anos, mas os poucos humanos que sobreviveram enfretam agora uma época de luta pela sobrevivência, onde água, comida e os restos da época em que ainda existia uma civiização, são bens preciosos disputados em batalhas mortais.

E neste cenário de horrores, em uma pequena vila que ainda reúne um grupo de humanos, aparece repentinamente Eli (Denzel Wahington) um estranho andarilho, que logo chama atenção de Carnegie (Gary Oldman), o líder de uma gangue de bandidos que vivem de atacar qualquer pessoa que cruze seu caminho.

Curiosamente, os bandidos de Carnegie têm ordens de procurar e recolher todos os livros que caírem em suas mãos pois o chefe busca um determinado livro que, segundo ele, teria poderes muito especiais e seria capaz de transformá-lo no homem mais poderoso da Terra.

Enquanto isso, Eli, não quer saber de encrenca, já que em algum momento do passado ele recebeu como missão carregar exatamente o livro que Carnegie procura a um lugar específico no Oeste.
Sendo que sua chegada a este lugar seria a última chance de salvação da humanidade.

Dirigido a quatro mãos pelos irmãos Albert Hughes e Allen Hughes, o filme até que tem um visual interessante, com as cores propositadamente modificadas, para tons acobreados, que aumentam ainda mais a sensação de desolação.
Além disso, todos os personagens usam estilosos óculos escuros quando estão fora das construções, para evitar perder a visão sob um sol escaldante.

A novata Mila Kunis faz o papel de Solara, a mocinha que decide ajudar o heroi em sua importante missão.

As lutas que acontecem são no melhor estilo kung fu. Apesar do visual e do estilo, não há o que salve este western pós-apocalíptico da tolice de seu roteiro e me espanta ver atores consagrados e respeitados como Denzel Washington e Gary Oldman participando de um projeto tão ruim.

Especialmente Denzel Washington, que se comprometeu tanto com a produção, a ponto de fazer aulas de lutas marciais para dispensar o uso de dublês nas inúmeras cenas de batalha.

"O Livro de Eli" entra com méritos próprios na lista dos piores filmes já produzidos da História do Cinema e só não consegue ganhar de "Waterworld" (1995), o pior de todos, porque tem apenas 118 min. de duração, contra os 135 min. do filme de Kevin Costner.

É... pensando bem... poderia ser pior.

quinta-feira, 18 de março de 2010

"Criação" traz o lado humano de Darwin para as telas



Desde a pulicação do seu trabalho mais importante: "A Origem das Espécies"(1859), o cientista Charles Darwin é visto por religiosos de diversas linhas como alguém cujas ideias devem ser combatidas a qualquer custo, todo o tempo, sempre sob a impressão e temor de que elas são capazes de desviar as multidões dos supostos caminhos da fé.

E esta talvez seja a maior razão para um personagem tão importantante para a ciência e, com uma história de vida tão rica e interessante para a própria humanidade, ter ficado até o século XXI fora do alcance do Cinema e da popularização que ele pemite.

Mas uma cinebiografia mais tradicional não teria muita chance, por isso entra em cena o livro "Annie’s Box", escrito por Randal Keynes, tataraneto de Darwin que coloca o enfoque no impacto das descobertas do cientista sobre sua vida familiar.

Com roteiro adaptado para o cinema por John Collee, a história que o filme de Jon Amiel conta é a de um Charles Darwin (Paul Bettany) deprimido após a morte de sua filha mais velha Annie (Martha West), que simplesmente reúne todos os dados de sua pesquisa em um grande baú de madeira, enquanto busca dentro de si mesmo as razões para publicá-lo.

E estas razões são explicadas em visões, devaneios, flashbacks e até mesmo alucinaçoes do cientista que tem como uma das maiores críticas de seu trabalho, a própria esposa Emma (Jennifer Connelly), que já era religiosa e torna-se ainda mais fanática após a morte da filha.

Vale destacar o trabalho da pequena atriz estreiante Martha West, que com apenas 10 anos de idade rouba todas as cenas em que participa e já demonstra aquele carisma que só as grandes estrelas costumam ter.

Sem qualquer compromisso didático de explicar a chamada Teoria da Evolução, "Criação" é um retrato humano e honesto, embora a primeira vista um pouco confuso de um cientista genial que em alguns círculos continua polêmico, mas que foi e ainda é essencial para tentar começar a compreender a verdadeira natureza do mundo em que vivemos, um dos mais importantes desafios da humanidade.

quarta-feira, 10 de março de 2010

"Brilho de Uma Paixão" traduz em imagens a poesia de John Keats



Um dos maiores poetas da língua inglesa, John Keats recebe uma cinebiografia a sua altura. Dirigido e roteirizado por Jane Campion de "O Piano" (93), o filme acompanha o envolvimento de Keats (Ben Whishaw) com Francis "Fanny" Browne (Abbie Cornish), que conheceu Keats através de amigos de sua família e mais tarde, passaria a ser sua vizinha, alugando parte da casa que o poeta dividia com o amigo Charles Brown (Paul Schneider).

Na história real, Fanny tinha uma relação especial com a costura e o filme não só se refere à ela, como a usa como desculpa para dar à personagem um belíssimo guarda-roupa, com vestidos e chapéus sofisticados, criados por Janet Patterson, que renderiam até uma indicação ao Oscar de Melhor Figurino.

Jovem, bonita e agitada, Fanny frequentava a sociedade local e isso incluia participar constantemente de festas e bailes, atividades que vão perdendo a graça e o interesse para a garota a partir do momento em que ela conhece o sofrido poeta e passa a visitá-lo, tomando seus livros emprestados e pedindo a ele, mais tarde, aulas sobre poesia.

Keats inicialmente nem presta muita atenção na garota, pois passa a maior parte do tempo cuidando do irmão Tom (Olly Alexander), moribundo, com tuberculose. Sem recursos, os dois irmãos são sustentados por Brown.

Após a morte de Tom, John passa a morar com Charles, e logo, os dois recebem também a família Brawne. Sob o mesmo teto, o romance finalmente floresce e Fanny torna-se a musa do poeta e inspiração para o belo poema "Bright Star", que dá título e é citado no filme, mas as convenções da época e a doença de Keats acabam atrapalhando as intenções do casal.

Além da beleza dos textos de Keats, também existe a beleza natural dos cenários onde o romance acontece e uma parte considerável do prazer de acompanhar esta trágica história de amor está no visual das paradisíacas paisagens inglesas e seus jardins, de flores do campo de cores muito vivas.

O tom é contemplativo, o texto, muita vezes, literário, e o filme foge completamente dos padrões a que nos acostumamos nos últimos tempos; mas a interpretação do casal central e o belíssimo visual tornam a história real de "Brilho de uma Paixão" uma obra imperdível, que deve agradar principalmente aos mais românticos.

O "O Brilho de Uma Paixão" chega aos cinemas brasileiros no dia 14/05.

sábado, 6 de março de 2010

Palpites para o Oscar 2010 - Quem vai levar a estatueta para casa?



A festa do Oscar acontece amanhã em Los Angeles, esta já é a 82ª edição e muita gente que gosta e se interessa por cinema não consegue mais segurar a ansiedade.

Com a nova regra de indicação de 10 candidatos para melhor filme, prever quem levará a desejada estatueta para casa ficou ainda mais difícil.

Para ajudar todo mundo que ainda está meio perdido com tantos candidatos, estou publicando aqui a lista com as minhas apostas deste ano, com algumas observações extras que cabem para aquela categoria específica.

Ah! As categorias que ficaram de fora em minha lista, como a de Documentários, por exemplo, foram as que contem filmes que ainda não vi e por isso, não pude opinar.

E por falar em opinião, clicando no nome dos filmes, dá para acessar as reviews publicadas aqui e no Pipocando Online.

E aí leitores? Viram todos os filmes? Concordam? discordam? Tem outros palpites?

Ator

Vai Ganhar: Jeff Bridges (Coração Louco)
Merecia Ganhar: Colin Firth (Direito de Amar)

Ator Coadjuvante

Vai Ganhar: Christoph Waltz (Bastardos Inglórios)
Merecia Ganhar: Matt Damon (Invictus)

Atriz

Esta é uma categoria que deveria terminar empatada, já que as duas merecem o prêmio:

Sandra Bullock (Um Sonho Possível)
Meryl Streep (Julie & Julia)

Atriz Coadjuvante

Mo'Nique (Preciosa)

Animação

Up - Altas Aventuras

Direção de Arte

Avatar

Fotografia

Vai Ganhar: Bastardos Inglórios

Merecia Ganhar: A Fita Branca

Figurino

Vai Ganhar: Jovem Vitória
Merecia Ganhar: Coco Antes de Chanel

Direção

Outra categoria complicada, mas uma das mais importantes.
Não podemos esquecer que a Academia tem seus fatores políticos que acabam influenciando (e muito) algumas escolhas. Por isso:

Merecia Ganhar: James Cameron (Avatar)
Vai Ganhar: Kathryn Bigelow (Guerra ao Terror)

Montagem

Guerra ao Terror

Filme Estrangeiro

Merecia Ganhar: O Segredo de Seus Olhos (Argentina)
Vai Ganhar: A Fita Branca (Alemanha)

Maquiagem

Star Trek

Trilha Sonora Original

Up - Altas Aventuras

Canção

"The Weary Kind" (Coração Louco)

Som

Avatar

Efeitos Sonoros

Avatar

Efeitos Visuais

Avatar

Roteiro Adaptado

Vai Ganhar: Amor Sem Escalas
Merecia Ganhar: Educação

Roteiro Original

Vai Ganhar: Bastardos Inglórios
Merecia Ganhar: Um Homem Sério

Melhor Filme

Até onde sabemos, geralmente quem ganha melhor diretor, também ganha melhor filme.
Quando a Academia resolveu indicar 10 filmes para concorrer a esta categoria, muita gente criticou dizendo que os 5 filmes que ficaram de fora da indicação de direção, não têm a menor chance de levar o prêmio.
Estou apostando que neste ano, o prêmio de melhor filme não coincidirá com o de melhor diretor, assim:

Poderia ganhar: Guerra ao Terror
Vai ganhar: Avatar

O Amor Acontece é entretenimento acima da média



O psicólogo Dr. Burke Ryan (Eckhart), escreve um livro que ensina como lidar com as perdas que faz muito sucesso e se transforma em best seller.

Aproveitando o sucesso, Burke transforma-se em uma espécie de guru e passa a fazer seminários pelo país sobre o assunto e sempre muito ocupado, indo para todos os lugares ele busca distanciar-se de seus próprios sentimentos e de sua dificuldade para lidar com a perda da esposa, que morreu em um acidente de carro.

Mas uma viagem para Seattle, a cidade natal da esposa, despertará em Burke lembranças e sentimentos que ele ensina seus alunos a esquecer.

Tentando lidar com o momento difícil, ele conhece Eloise (Jennifer Aniston), uma florista que trabalha para o hotel onde se hospeda, e ela, aos poucos, o convence a encarar seus sentimentos de frente.

Com uma história simples, este pequeno e simpático filme do diretor Brandon Camp até que tem boas intenções ao retratar um assunto que ainda carrega um certo tabu, já que é relativo a morte e como lidar com a perda de pessoas próximas e queridas.

Aaron Eckhart está muito bem como o viúvo vivendo o conflito de sentir-se uma fraude, já que tem uma grande dificuldade de viver o que prega, assim como Jennifer Aniston, que vive com uma certa graça a mulher que já está cansada de envolver-se com os homens errados e desta forma, foge de qualquer novo interesse amoroso.

A boa química entre os dois e também a ótima participação do veterano Martin Sheen, como o ex-sogro de Burke tornam o flme bom entretenimento.

Não é exatamente uma obra-prima, mas está bem acima da média de muitas das bobagens que têm chegado aos cinemas nos últimos tempos.