quinta-feira, 21 de agosto de 2014

Crime e Preconceito - Sem Evidências


O aviso de que se trata de uma história real torna ainda mais terrível e impactante o que se vê na tela.

Embora esta não seja a primeira vez que este caso recebe a atenção do cinema, já existem diversos documentários sobre os chamados "Três de West Memphis", esta é a primeira vez em que acontece uma recriação dos fatos em um filme.

Em 1993, em uma pequena cidade no Arkansas, três meninos de 8 anos de idade desaparecem e depois de uma busca intensa pelas matas próximas e dentro de um rio, os três são encontrados mortos.

Sem muita investigação e baseados em testemunhos pouco confiáveis, três jovens fãs de rock pesado são acusados do crime e presos. Percebendo a possível injustiça, Ron Lax (Colin Firth), um investigador particular oferece seus serviços à defesa e passa a procurar por mais pistas. 

A perseguição aos três acusados pelo crime é imensa e toda a comunidade, que faz parte do chamado "Bible Belt" já os condena de antemão, afirmando que os rapazes seriam satanistas e que cometeram os assassinatos durante algum tipo de ritual.

O diretor Atom Egoyan até que pega leve e não carrega nas possíveis críticas a toda injustiça provocada basicamente por fanatismo religioso, preconceito e ignorância e prefere ater-se aos fatos e   narrar as descobertas feitas tanto pelo investigador, como  por Pam Hobbs (Reese Witherspon), mãe de uma das vítimas.

Vale ressaltar que Reese Witherspon aparece aqui muito distante da garota glamurizada que estamos acostumados a ver em tantas comédias românticas que ela protagonizou, vivendo uma dona de casa bastante sofrida que ajuda a engrossar as fileiras de fanáticos religiosos do local. 

De qualquer forma, o filme é muito bem construído e pode servir como alerta e base para uma reflexão mais profunda, em especial para as pessoas que ainda  veem suas próprias crenças religiosas como uma verdade tão absoluta, que imaginam que seja justo que sejam impostas sobre todo o restante de um país legalmente organizado como laico.

O filme já está em cartaz nos cinemas brasileiros. Confira o trailer oficial legendado:




quinta-feira, 14 de agosto de 2014

O Grande Hotel Budapeste - Tom farsesco e visual marcante em novo filme de Wes Anderson




O estilo muito peculiar do diretor Wes Anderson imprime a esta obra, inspirada no trabalho do escritor Stefan Zweig, um tom farsesco e teatral que ajuda a contar todas as aventuras mirabolantes pedidas pelo roteiro.

Um escritor idoso (Tom Wilkinson) relembra sua passagem pelo Grande Hotel Budapeste, há muitos anos, quando conheceu Zero Moustafa (F. Murray Abraham), um personagem que parece misterioso a princípio, mas que conta ao escritor toda a sua longa ligação com aquele estabelecimento.

A direção de arte é impecável e apesar de tudo ser excessivo e colorido, ajuda a dar ainda mais graça a narrativa em que acompanha o jovem Zero (Tony Revolori) tornando-se uma espécie de pupilo de Monsieur Gustave (Ralph Fiennes); o concierge do hotel que cuida com muito zelo de tudo por lá, especialmente das hóspedes ricas e idosas.

Até que recebe a notícia da morte de uma delas, Madame D. (Tilda Swinton), deixa para ele em testamento, um quadro valioso. É claro que nem tudo sai de acordo como o que M.Gustave espera e ele acaba precisando  fugir do encalço da polícia e de um hábil assassino profissional (Willem Dafoe), que passa a persegui-los seguindo as ordens do filho de Madame D (Adrien Brody).

Bonito de se ver e divertido de se acompanhar, o filme conta com um elenco de astros do chamado primeiro time de Hollywood e agradou em cheio a crítica em sua estreia, já gerando boatos de ser um forte candidato aos principais prêmios do ano.