sexta-feira, 25 de janeiro de 2013

Lincoln chega hoje aos cinemas brasileiros



O novo filme de Steven Spielberg é o resultado de uma longa batalha pessoal do diretor, que dedicou nada menos do que os últimos nove anos de trabalho, para levar às telas uma história mais detalhada dos últimos meses de vida de um dos presidentes mais populares da história dos EUA.

Abraham Lincoln foi um lider importantíssimo, que como presidente enfrentou o pior momento da história americana durante a sangrenta Guerra da Secessão, que se arrastou por anos, colocando os estados do sul contra os do norte, destruindo a economia do país e dizimando sua população, mas ele não fazia o tipo heróico, por isso, não dá para esperar vê-lo sobre um cavalo, liderando soldados em um campo de batalha, banhado pela luz rosada do amanhecer.

O campo de batalha de Lincoln era outro, exibindo aquele mesmo ar cansado que testemunhamos hoje em dia na expressão de Barack Obama e como este, assumindo seu segundo mandato, o presidente quer apenas terminar com aquela guerra e tem certeza que sua melhor chance de êxito será conseguindo que o congresso aprove a emenda na constituição que determina o fim do trabalho escravo; mola mestra da economia e do modo de vida dos estados confederados, que sem ele, não terão mais qualquer chance contra a união.

Por isso, o filme é uma longa sucessão de diálogos, conchavos, discursos e embates íntimos entre um frágil, mas sagaz presidente e o resto do mundo que o cercava, todos mais ou menos dispostos a ajudá-lo em seu empenho para terminar de vez aquela guerra.

O roteiro foi adaptado por Tony Kushner, que já trabalhou com Spielberg em Munique (2005), a partir do livro "Team of Rivals" de Doris Kearns Goodwin. A ideia da autora era exatamente a de mostrar a inteligência política do presidente para lidar com seus rivais e opositores.

Tecnicamente impecável, Lincoln tem no trabalho dos atores o seu maior trunfo; Daniel Day-Lewis encara sua árdua tarefa com heroismo, não há espaço aqui para longos discursos inflamados para enormes multidões aplaudindo apaixonadamente. O Lincol de Day-Lewis é um homem frágil, cansado, um pouco desajeitado e absolutamente humano.

Como era de se esperar, as melhores cenas de Lincoln acontecem entre quatro paredes, quando o talento de Daniel Day-Lewis bate de frente com o talento de Sally Field, outra impressionante atriz veterana que, no papel de Mary Todd, a esposa do presidente, faz suas duas ou três aparições durante o filme valerem cada segundo.

Outro veterano, Tommy Lee Jones dá um banho de interpretação, como Thaddeus Stevens, um lider político abolicionista que se torna um dos mais importantes agentes de Lincoln dentro do congresso.
Mas não espere muita coisa dentro do estilo Spielberg de ser, não há muito espaço para aquelas longos momentos contemplativos, de grande força melodramática amplificados pelo volume da música que vai subindo, enquanto o plano se abre para mostrar toda a cena, na verdade isso se vê em apenas uma ou duas ocasiões durante todo o filme.

Outro detalhe que chama bastante atenção é que o presidente e seus partidários não têm qualquer pudor em oferecer aos congressistas da oposição dinheiro e vantagens para que aprovem a lei. Engraçado que ali, não vi ninguém, nem do governo, nem da oposição apontando o dedinho torto para dizer que era o fim do mundo... modernos esses americanos...

Lincoln tem 12 indicações ao Oscar e é considerado um dos maiores favoritos da disputa, embora, no Globo de Ouro, só o trabalho de Daniel Day-Lewis tenha sido premiado.

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