sexta-feira, 30 de agosto de 2013

O Casamento do Ano tem elenco estelar





O elenco é a maior atração dessa comédia romântica que tinha absolutamente tudo para ser um grande filme, mas ficou no meio do caminho.

Don (Robert De Niro) e Ellie (Diane Keaton) são um casal divorciado há muitos anos, que durante um final de semana precisa fingir que ainda está junto, porque seu filho adotivo Alejandro (Ben Barnes) vai se casar com Missy (Amanda Seyfried) e convidou sua mãe biológica colombiana Madonna (Patricia Rae) para a cerimônia.

O problema é que a tal mãe biológica é muito conservadora e, por isso, o rapaz prefere que ela não saiba que seus pais adotivos se divorciaram, assim, Bebe (Susan Sarandon), a atual esposa de Don, precisa afastar-se.

Como dá para imaginar, as confusões são muitas, quando todo mundo fica sob o mesmo teto, o que também inclui Lyla (Katherine Heigl) e Jared (Topher Grace), os outros dois filhos do casal.

Uma pena que o filme parece não decolar e a maior graça vem mesmo dos diálogos entre os veteranos De Niro, Keaton e Sarandon; os três muito relaxados, em ritmo de brincadeira, enquanto o restante do elenco parece ainda em guerra contra o roteiro fraco.

Uma curiosidade interessante é que "O Casamento do Ano" é na verdade o remake de "Mon Frère Se Marie" (2007), uma comédia franco-suiça dirigida e escrita por Jean-Stèphane Bron.

"O Casamento do Ano" é um trabalho do diretor Justin Zackham, que adaptou o roteiro da versão francesa. Apesar de ter mas mãos um ótimo elenco, Justin não conseguiu extrair dele muito mais do que um passatempo mediano, em que até mesmo a presença de um grande comediante como Robin Williams, que faz o padre da cerimônia de casamento, acaba sendo desperdiçada.

Para assistir, sem esperar muito, com o maior kit de pipoca e refrigerante disponível no cinema.

Texto publicado originalmente no site Revista Eletricidade

domingo, 25 de agosto de 2013

Austenland brinca com fanatismo feminino pela obra de Jane Austen

 


Jane Austen é uma das maiores escritoras da língua inglesa e sua obra serve de inspiração para mulheres românticas e sonhadoras, que veem no mundo ideal criado pela escritora, um "oásis" de perfeição, com suas heroínas modernas e inteligentes, as mulheres perfeitas, feitas na medida para seus ricos e nobres pretendentes.

E mais do que inspiração, para algumas mulheres a obra de Austen é quase uma obsessão e seu livros bem como as inúmeras adaptações para o cinema e para a TV, feitas a partir deles, tornaram-se quase objetos de culto.

Jane Hayes (Keri Russell) é uma dessas mulheres, cansada das tristezas da vida real, ela embarca em uma aventura, usando todas as suas economias para ir até a Inglaterra conhecer a "Austenland", um excêntrico parque temático, onde cada visitante tem a chance de mergulhar completamente no mundo da escritora e sentir-se como uma de suas personagens.

E se a recriação dos cenários de Austen não chega a ser perfeita, as personagens que navegam naquele mundo, todos atores pagos para entreter as hóspedes, apenas ajudam a aumentar a confusão.

Dirigido por Jerusha Hess, que também adaptou o livro homônimo de Shannon Hale nessa divertida comédia, que tem Stephanie Meyer, a autora da saga Crepúsculo na produção.

No elenco, além de Keri Russell também estão JJ Feild, Jennifer Coolidge, Bret McKenzie, Georgia King, James Callis e Jane Seymour entre outros.

Já em cartaz nos EUA, o filme ainda não tem uma data de estreia definida para o Brasil.

quinta-feira, 22 de agosto de 2013

O cotidiano da criação artística é o tema de Renoir (2012)

 

A arte do genial pintor impressionista Pierre Auguste Renoir (Michel Bouquet) é bastante conhecida e agora, o diretor francês Gilles Bourdos quer nos apresentar seu cotidiano.
Em Renoir (2012) somos convidados a acompanhar o artista, já sentindo o peso de seus 74 anos, em 1915, agora lutando contra os limites de seu corpo para continuar pintando.

Tudo muda na idílica propriedade do pintor, na Riviera Francesa, quando Andrée (Christa Theret), uma jovem linda e moderna, pede para trabalhar como modelo para o velho mestre, renovando sua inspiração e dando a ele novas razões para enfrentar as dores causadas pela artrite, para continuar pintando.

Rebelde por natureza, a jovem desafia todos na casa e se torna objeto de disputa entre pai e filho, quando um dos filhos do mestre, Jean Renoir (Vincent Rottiers), volta da guerra para recuperar-se de seus ferimentos.

O filme é um espetáculo lento, contemplativo, quase um passeio pelos cenários que o pintor imortalizaria em suas telas e, também mostra o "encaminhamento" de outro gênio da família Renoir para sua futura arte. O jovem Jean Renoir aparece dando os primeiros passos, como alguém que começa a interessar-se pelo Cinema, uma arte que desenvolverá mais tarde em sua vida.

O trabalho dos atores é excepcional, aumentando o interesse em uma obra que é bem mais do que a cinebiografia de um dos grandes mestres da pintura do século passado, é também um estudo sobre a arte e sua criação. E assim sendo, como a obra do mestre, uma encantadora festa para os sentidos.

Texto publicado originalmente na Revista Eletricidade

quarta-feira, 14 de agosto de 2013

Ecos de grandes clássicos ajudam a assustar em "Os Escolhidos"





Chegando aos cinemas brasileiros nesta semana uma agradável surpresa dentro da quase esquecida arte de assustar as pessoas em nossas salas escuras. "Os Escolhidos" (Dark Skies), filme do diretor Scott Stewart (Legião), tem um roteiro que provavelmente bebe na fonte de bons clássicos como Poltergeist (1982), Contatos Imediatos de Terceiro Grau (1977) e até Os Pássaros (1963); todos referências absolutas no quesito medo, para começar, e se nem tudo é assim, tão inédito, ainda existe o mérito de que o resultado final é bastante assustador.

A família Barrett está em um momento delicado; Daniel (Josh Hamilton) está desempregado, sua esposa Lacy (Kerri Russell), que é corretora de imóveis, está com grande dificuldade no mercado de pós crise. Jesse (Dakota Goyo), um dos filhos do casal, está lutando para ser aceito entre garotos mais velhos, enquanto seu irmão menor, Sam (Kadan Rockett) passa a ter pesadelos estranhos.

Existe algo de muito estranho na casa e como em Poltergeist, aos poucos, a estranheza passa a dar lugar ao puro e simples pavor e como nem só as referências aos clássicos é válida, também cabe aqui a referência a um grande sucesso, bem mais recente; preocupados com o que está acontecendo na casa, a família espalha cameras por todos os ambientes, tentando flagrar o fenômeno, como em "Atividade Paranormal" (2007).

A narrativa consegue carregar o público através de sustos e mistérios, que não são facilmente revelados e estão bem longe de serem óbvios. O elenco faz um bom trabalho e os efeitos especiais, na maioria das vezes, apenas sugerem, acrescentando muito ao clima da produção.

Fato que por si só já coloca "Os Escolhidos" em um patamar superior, bem distante dos banhos de sangue e apelação que os  filmes do gênero terror andam apresentando ultimamente.

Uma gratíssima surpresa para quem, como eu, tem evitado um dos seus gêneros favoritos, pela simples ausência de bons filmes.

Review publicado originalmente na Revista Eletricidade

Antes da Meia-Noite - Trilogia romântica termina com gostinho de quero mais

 


O filme que encerra a trilogia romântica do projeto conjunto entre o diretor Richard Linklater e os atores Julie Delpy e Ethan Hawke mostra, 18 anos mais tarde, o casal que o acaso formou, em uma viagem de trem, na Áustria, em 1995.

Nos três filmes, "Antes do Amanhecer" (1995), "Antes do Pôr do Sol" (2004) e "Antes da Meia-Noite" (2013) não acontece muita coisa, a ideia era a de fugir dos padrões que são considerados os rotineiros para filmes românticos, o casal se conhece, se apaixona, enfrenta todas as dificuldades para ficar junto e, no final, o público deixa o cinema imaginando que o destino e o poder do amor mudou completamente os dois destinos e criou um novo relacionamento perfeito, para sempre...

Bem... se é esse o tipo de roteiro que você vê como ideal em um filme romântico, fuja dos três filmes de Linklater. De toda a "coleção premiada" do quase sempre muito previsível cinema romântico, a única coisa que a trilogia de Linklater reproduz é o cenário, lindo e paradisíaco, por onde os personagens vivem seus dramas e falam sobre eles, falam muito, em um texto longo que parece pertencer muito mais à tradição literária, mas que visto no cinema, ajuda muito a aumentar a dimensão humana do que está se vendo.

Aliás os diálogos são muito especiais, quando acontecem entre o casal de atores, que por sinal colaboraram em sua redação; mas aqui também no núcleo de amigos de Jesse (Ethan Hawke). Um autor já consagrado, fez a fama com dois livros que descreviam seu encontro e relacionamento com Céline (Julie Delpy) e é convidado por um escritor grego para umas férias nas ilhas gregas, para onde leva Céline, Hank (Seamus Davey-Fitzpatrick), seu filho do primeiro casamento e as duas filhas gêmeas do casal.

Durante as férias, o casal entra em crise, por causa da vontade de Jesse de reaproximar-se com seu filho mais velho e grande parte das discussões do filme são sobre isso, as responsabilidades que passam a existir após o nascimento dos filhos e a beleza que continua existindo, em todo o amor, mesmo depois que o casal amadurece.

Um belíssimo fechamento para uma das mais interessantes trilogias do cinema, pelo menos, para quem (ainda) se interessa pelo que nos faz mais humanos, nestes tempos de muito cinísmo que vivemos hoje em dia. Tomara que Linklater desencane do batido formato trilogia e resolva continuar acompanhando as conversas sempre um pouco malucas de Jesse e Celine, um público cativo e encantado, agradece.


Review publicado originalmente na Revista Eletricidade