terça-feira, 27 de julho de 2010

O Escritor Fantasma - Polanski novamente em grande estilo



O título em português pode dar ao público a impressão errônea de que o diretor Roman Polanski escolheu o sobrenatural como assunto de seu retorno às telas, por sinal, bastante complicado por conta de um processo de extradição para os EUA, que resultou em uma pós-produção feita com o cineasta em reclusão.

Em inglês e também em português, a expressão "ghost writer" designa a função do redator que é pago para escrever artigos, discursos e até mesmo livros que serão oficialmente atribuídos a outras pessoas.

No caso do filme, esta função é assumida por um personagem sem nome, interpretado por Ewan McGregor, um escritor que recebe uma proposta irrecusável para trabalhar na autobiografia de Adam Lang (Pierce Brosnan); o ex-Primeiro Ministro Britânico, que vive em uma mansão isolada do mundo, em uma ilha na costa dos EUA.

O projeto que parecia à primeira vista, uma boa oportunidade de ganhar dinheiro fácil, vai aos poucos se revelando uma grande dor de cabeça para o escritor, a partir do momento em que a imprensa começa a divulgar que o politico pode ser o responsável pelo sequestro e tortura de três cidadãos britânicos suspeitos de envolvimento com a Al-Qaeda; o que o torna um criminoso de Guerra, além disso, a morte de um dos assessores de Lang, antecessor dele na função de escrever o livro, fica a cada momento mais suspeita.

Soma-se a tudo um ambiente naturalmente sombrio, em que permanecer dentro de casa significa estar cercado por todos os lados de toda segurança que a tecnologia permite e também estar demasiadamente próximo da equipe que cerca o Primeiro Ministro, formada pela secretária Amelia Bly (Kim Cattrall), diversos assessores e a esposa Ruth Lang (Olivia Williams), que em pleno caos da crise se agita criando um clima de tensão tão insuportável que consegue tornar atraente uma inóspita área externa constantemente gelada onde chuvas torrenciais se alternam com uma névoa densa, e mesmo assim fornecem um certo alívio para a sensação claustrofóbica que Roman Polanski tinha a intenção de criar em seu público.

E assim como o mestre Alfred Hitchcock, o cineasta manipula sua plateia descaradamente através de uma verdadeira montanha-russa, mostrando exatamente o que é necessário para fazer com que a tensão sempre cresça.

O resultado é um suspense brilhante com cenas memoráveis, como a do bilhete passando de mão em mão em uma sala até chegar ao seu destinatário.

Aliás, o "passeio" guiado pelo diretor talvez esteja muito distante do discurso panfletário anti-Tony Blair que o autor Robert Harris pretendia quando escreveu "Ghost", o livro de onde saiu o roteiro, mas tenho certeza de que ninguém jamais reclamaria.

quarta-feira, 21 de julho de 2010

O Bem Amado - Clássico da TV chega às telonas



O texto original de Dias Gomes já serviu como base para a primeira novela em cores exibida pela Rede Globo em 1973 e também para uma minissérie na mesma emissora na década de 80 e por isso, esquecemos as origens da trama, baseada em uma peça teatral escrita em 1962.

Por isso, o diretor Guel Arraes foi buscar nos palcos o tom de farsa que permeia a nova versão para as telonas da trama que tem uma visão crítica do que era e (infelizmente) ainda é a forma de fazer política neste estranho país chamado Brasil.

Nos primeiros anos da década de 60, na fictícia cidade de Sucupira, o populista prefeito Odorico Paraguaçu (Marco Nanini) baseia toda a sua administração em apenas uma obra: a construção de um cemitério na cidade. Mas o imprevisível acontece e depois que a tal obra é finalizada, ninguém mais morre na cidade, frustrando todas as suas tentativas das mais inocentes até as mais criminosas de inaugurar o campo santo.

O roteiro adaptado pelo próprio Guel Arraes e por Cláudio Paiva mantem todos os impagáveis neologismos do discurso de Odorico. O filme também ganha pontos ao inserir breves detalhes históricos reais aos acontecimentos ficcionais de Sucupira, relacionando os acontecimentos da ficção, com a dura realidade do Golpe Militar de 1964, por exemplo.

Além disso, as não menos engraçadas irmãs Cajazeira perderam o seu lado mais "carola" para ganhar um renovado ar de glamour na pele de Zezé Polessa, Andréa Beltrão e Drica Moraes, usando figurinos impecáveis criados por Claudia Kopke, o trio de atrizes se reveza na tentativa sempre frustrada de levar o escorregadio Odorico ao altar.

Ao redor do prefeito sempre muita confusão e personagens que ficaram inesquecíveis em suas versões originais, o que significa um trabalho dobrado para o novo elenco ao recriá-los para esta nova versão; afinal as comparações são naturais quando os personagens da TV marcaram época em interpretações tão memoráveis quanto as de Paulo Gracindo (Odorico Paraguaçu), Lima Duarte (Zeca Diabo), Emiliano Queiroz (Dirceu Borboleta) e das atrizes Ida Gomes, Dorinha Duval e Dirce Migliaccio (irmãs Cajazeira).

Embora as comparações sejam naturais, o novo elenco oferece um trabalho a altura dos atores televisivos que transformaram os personagens em verdadeiros mitos.

E nesta nova caprichada produção só há um "entretanto" a se lamentar, o de que a situação política brasileira, continue a mesma, sem alcançarmos nos "finalmentes" das urnas, governos que nos façam rir de alívio pela superação dessa horrenda fase de políticos sem qualquer escrúpulo.

O Bem Amado estreia nos cinemas no 23/07.

quarta-feira, 7 de julho de 2010

Eclipse - Estreia nos cinemas terceiro filme da Saga Crepúsculo



Chega aos cinemas de todo o mundo o aguardado terceiro filme da Saga Crepúsculo; Eclipse segue obtendo bons resultados nas bilheterias, bateu a marca de 2 milhões de espectadores no Brasil e soma 176 milhões de dólares pelo mundo afora, em sua primeira semana de exibição.

A adaptação do terceiro livro da série de Stephanie Meyer, continua do mesmo ponto em que terminou o capítulo anterior, "Lua Nova"; a jovem Bella Swam (Kristen Stewart), está cada vez mais envolvida com o vampiro Edward Cullen (Robert Pattinson), a formatura se aproxima e enquanto o casal planeja os detalhes de seu casamento, um exército de vampiros se prepara para atacá-los.

A única chance de sobrevivência de ambos será contar com a ajuda de Jacob (Taylor Lautner) e sua tribo de lobisomens. Mas, o lobisomem musculoso e boa pinta não consegue tirar Bella de sua cabeça e o triângulo amoroso que se anunciou em "Lua Nova", torna-se ainda mais intenso e complicado.

Aliás, uma boa parte da graça de Eclipse é observar a interação das três pontas do triângulo, com diálogos divertidos que ajudam a dar leveza a uma história que pode até ser um pouco decepcionante se considerarmos que acontece muito pouco neste capítulo da Saga.

Outro detalhe interessante são os flashbacks que mostram as origens de alguns dos outros vampiros do clã Cullen, ajudando a situar no contexto da obra aqueles que acompanham a Saga apenas via cinema.

A direção de Eclipse ficou nas mãos de David Slade, que tem em seu currículo a boa adaptação dos quadrinhos "30 Dias de Noite", não por acaso uma história de vampiros, mas do tipo mais violento, com muito sangue e vísceras.

Enquanto isso, em Eclipse, os vampiros são puro autocontrole, praticamente assexuados, aliás, como convém às convicções religiosas da autora da série.
E isso significa nada de sexo antes do casamento... resta apenas Jacob, sempre sem camisa, exibindo seus músculos muito bem torneados... muito pouco e quase sem sal, para quem esperava ver nas telas mais hormônios adolescentes em "ebulição".