O texto original de Dias Gomes já serviu como base para a primeira novela em cores exibida pela Rede Globo em 1973 e também para uma minissérie na mesma emissora na década de 80 e por isso, esquecemos as origens da trama, baseada em uma peça teatral escrita em 1962.
Por isso, o diretor Guel Arraes foi buscar nos palcos o tom de farsa que permeia a nova versão para as telonas da trama que tem uma visão crítica do que era e (infelizmente) ainda é a forma de fazer política neste estranho país chamado Brasil.
Nos primeiros anos da década de 60, na fictícia cidade de Sucupira, o populista prefeito Odorico Paraguaçu (Marco Nanini) baseia toda a sua administração em apenas uma obra: a construção de um cemitério na cidade. Mas o imprevisível acontece e depois que a tal obra é finalizada, ninguém mais morre na cidade, frustrando todas as suas tentativas das mais inocentes até as mais criminosas de inaugurar o campo santo.
O roteiro adaptado pelo próprio Guel Arraes e por Cláudio Paiva mantem todos os impagáveis neologismos do discurso de Odorico. O filme também ganha pontos ao inserir breves detalhes históricos reais aos acontecimentos ficcionais de Sucupira, relacionando os acontecimentos da ficção, com a dura realidade do Golpe Militar de 1964, por exemplo.
Além disso, as não menos engraçadas irmãs Cajazeira perderam o seu lado mais "carola" para ganhar um renovado ar de glamour na pele de Zezé Polessa, Andréa Beltrão e Drica Moraes, usando figurinos impecáveis criados por Claudia Kopke, o trio de atrizes se reveza na tentativa sempre frustrada de levar o escorregadio Odorico ao altar.
Ao redor do prefeito sempre muita confusão e personagens que ficaram inesquecíveis em suas versões originais, o que significa um trabalho dobrado para o novo elenco ao recriá-los para esta nova versão; afinal as comparações são naturais quando os personagens da TV marcaram época em interpretações tão memoráveis quanto as de Paulo Gracindo (Odorico Paraguaçu), Lima Duarte (Zeca Diabo), Emiliano Queiroz (Dirceu Borboleta) e das atrizes Ida Gomes, Dorinha Duval e Dirce Migliaccio (irmãs Cajazeira).
Embora as comparações sejam naturais, o novo elenco oferece um trabalho a altura dos atores televisivos que transformaram os personagens em verdadeiros mitos.
E nesta nova caprichada produção só há um "entretanto" a se lamentar, o de que a situação política brasileira, continue a mesma, sem alcançarmos nos "finalmentes" das urnas, governos que nos façam rir de alívio pela superação dessa horrenda fase de políticos sem qualquer escrúpulo.
O Bem Amado estreia nos cinemas no 23/07.
quarta-feira, 21 de julho de 2010
O Bem Amado - Clássico da TV chega às telonas
Postado por Drika Maraviglia às 11:58
Marcadores: cinema brasileiro, review, trailer
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