sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

Clássico do terror ganha nova versão



O romance clássico de horror gótico de Oscar Wilde ganha mais uma adaptação cinematográfica, desta vez, dirigida por Oliver Parker, que já tem uma larga experiência na tarefa de levar às telas as obras do escritor: "O Marido Ideal" (1999) e "Armadilhas do Coração" (2002), são peças do escritor muito bem adaptadas para o cinema.

Na Londres vitoriana, o jovem Dorian Gray (Ben Barnes), assume a fortuna que herdou e ao chegar em sua mansão, conhece um velho amigo do avô: Lord Henry Wotton (Colin Firth), que com sua filosofia hedonista, influencia o jovem ingênuo e o leva a uma vida onde a busca pelo prazer passa a ser a única prioridade.

Em uma festa, o jovem conhece o pintor Basil Hallward (Ben Chaplin), que se encanta imediatamente com a beleza de Dorian e começa a pintar seu retrato.

Convencido por Lord Wotton que beleza e juventude são as únicas características que realmente valem a pena na vida, Dorian acaba inadvertidamente fazendo um pacto que garantirá que seu retrato envelheça por ele.

Quando seu romance com uma atriz de teatro (Rachel Hurd-Wood) se transforma em uma tragédia, mais uma vez pela influência maligna de Wotton, Dorian cai de vez em uma vida de excessos de todos os tipos; partindo para uma viagem que dura 20 anos.

Ao voltar para Londres, Dorian encontra mais uma vez o amor em Emily (Rebecca Hall), filha de Lord Wotton, e procura por redenção de seus muitos pecados, mas já pode ser tarde demais para isso.

O resultado é um filme bem acima da média, especialmente na performance dos atores, Colin Firth, um ator muitas vezes subestimado, está perfeito como o Lord devasso, que estimula o jovem Dorian a realizar as fantasias que não tem coragem de realizar.

Com um clima bastante denso, "O Retrato de Dorian Gray" ainda tem uma carga literária extra, para quem se interessa pelo assunto, mas também consegue agradar quem nunca sequer ouviu falar em Oscar Wilde.

Uma ótima produção que estreiou pelo mundo afora no final de 2009, mas que ainda não tem uma previsão de sua exibição nos cinemas brasileiros.

quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

Filmes de 2010: The Blind Side




A presença de Sandra Bullock em uma produção quase sempre significa que se trata de um daqueles filmes para simples entretenimento, uma espécie de momento "Sessão da Tarde", para rir um pouco e esquecer da vida por um par de horas, até dobrar a esquina, na saída do cinema.

Mas sua indicação como melhor atriz dramática pelo filme "The Blind Side" (ainda sem nome em português) e vitória; dá pistas de que não estamos diante de seu habitual.

Em um roteiro adaptado a partir do livro "The Blind Side: Evolution of a Game", de Michael Lewis; que por sua vez conta a história real com jeito de fábula de Michael Oher (Quinton Aaron) um adolescente negro, filho de uma viciada em drogas; que consegue uma bolsa de estudos em uma escola Cristã, por insistência do professor de ginástica da instituição que enxerga nele, se não as habilidades, pelo menos o tamanho de um possível futuro atleta.

Mas as coisas acabam piorando para o garoto, quando todas as pessoas que costumam dar-lhe abrigo desaparecem e bem na véspera do Dia de Ação de Graças, ele fica vagando perto da escola, chamando a atenção da milionária Leigh Anne Tuohy (Sandra Bullock), mãe de dois alunos, que acaba convidando Michael para passar a noite na casa dela.

Percebendo a situação terrível do garoto, Leigh e sua família o convidam para morar com eles e vão ajudando até que ele se revele como um verdadeiro talento no Futebol Americano e, desta forma, receba convites de inúmeras universidades americanas para continuar seus estudos.

Para quem não está habituado ao Futebol Americano, o título do filme faz referência a função de um jogador de defesa, que é encarregado de proteger o Quarter Back, o equivalente ao "centro avante" do futebol, de ataques de jogadores às suas costas, em seu chamado "ponto cego".

O diretor John Lee Hancock, por sinal, está se tornando um especialista nestas histórias excepcionais do esporte, ele já tinha em seu currículo "Desafio do Destino" (92), baseado em uma história real do beisebol e adapta para as telas mais esta outra grande história real e inspiradora.

A admirável e incompreendida atitude de uma mulher privilegiada, representante da mesma aristocracia sulista de onde saiu George W Bush e seu apoio "intelectual" e financeiro, normalmente formada por pessoas racistas e conservadoras, que inicialmente resolve estender a mão para alguém em um momento de necessidade, mas que acaba percebendo que aquilo estava fazendo bem não só para o garoto necessitado, mas também para sua família abastada.

E se a filmografia de Sandra Bullock até então não tinha muito mais do que entretenimentos leves e de fácil esquecimento a oferecer, agora ela adicionou um inesquecível exemplo de vida.

Estou torcendo que além do Globo de Ouro, o filme também renda para Sandra Bullock, sua primeira indicação ao Oscar!

"The Blind Side" ainda não tem nome em português e deve chegar aos cinemas brasileiros só no dia 26/03

domingo, 17 de janeiro de 2010

Amor sem Escalas consegue fazer rir da crise econômica



Por mais incrível que isso possa parecer Ryan Bingham (Geroge Clooney) ama o emprego que tem: viajar pelo mundo, demitindo pessoas.

E em época de crise econômica, em que as empresas encolhem assustadoramente e o desemprego é algo tão ou mais assustador do que o próprio terrorismo para os americanos, Ryan quase não volta para casa, o que na verdade é o seu objetivo de vida, passar todo o seu tempo circulando pelos ambientes de temperatura amena e controlada de aviões, quartos de hotel e salas VIP.

Por trás deste gosto, estranho para a maioria, existe um desejo de manter-se distante de qualquer tipo de envolvimento emocional ou compromisso familiar; um desejo tão grande que se transforma em filosofia de vida, compartilhada com outras pessoas, em palestras motivacionais que Ryan promove pelo país; mas tudo está prestes a mudar.

Quando está muito próximo de conseguir realizar um grande sonho: um cartão de milhagem que menos de uma dezena de pessoas conseguiram obter, sua empresa resolve testar as ideias de Natalie Keener (Anna Kendrick), uma jovem funcionária que tem a certeza de que todo o trabalho pode ser feito via videoconferencia, o que eliminaria a necessidade de novas viagens dos funcionários.

Mas na estrada, Natalie percebe que as coisas não são exatamente como imaginava, enquanto Ryan começa a perceber o vazio de uma vida sem compromissos.

Dirigido por Jason Reitman, que também participou na adaptação do roteiro a partir do livro homônimo de Walter Kirn, o filme é uma boa surpresa e dos criativos créditos de abertura até os letreiros finais, tudo funciona perfeitamente.

Da química entre os atores e aí, não só é divertido ver George Clooney reclamando entre dentes da novata sem noção muito bem retratada por Anna Kendrick, em uma preformance surpreendente para quem já se acostumou a vê-la apenas como a colega de escola de Bella na saga Twilight; mas também sua interação romântica com Alex Goran (Vera Farmiga), que pode ser vista inicialmente como uma versão feminina de Ryan.

Leve, divertido e inteligente, o novo filme de Reitman recebeu 6 indicações para o Globo de Ouro (melhor diretor, filme categoria Drama, ator, 2 indicações para atriz coadjuvante e roteiro) e é considerado presença certa na lista de indicados ao Oscar deste ano.

"Amor sem Escalas" estreia no Brasil no dia 22/01.

sábado, 16 de janeiro de 2010

Versão de Werner Herzog para Vício Frenético chega aos cinemas



O remake de uma produção pouco conhecida, mas com ar de filme cult, da década de 90, que foi dirigida por Abel Ferrara e protagonizada por Harvey Keitel é o trabalho mais recente do festejado diretor alemão Werner Herzog.

"Vício Frenético" conta a história de um policial que começa como herói: o tenente Terence McDonagh (Nicolas Cage) salva presos de uma delegacia alagada pelo Furacão Katrina, em New Orleans.

Mas seu heroismo, que rende uma condecoração ao policial, acaba se tornando a razão de sua desgraça, com um ferimento grave nas costas, McDonagh acaba viciado em drogas contra a dor.

Sua personalidade estranha e complicada faz com que os problemas não fiquem por aqui.

Logo, Herzog nos leva a acompanhar o dia-a-dia do tenente em uma investigação de assassinatos de imigrantes africanos, tendo como cenário uma cidade destruída e quase tão sórdida e decadente quanto o personagem que Cage carrega com maestria.

Sua namorada, a prostituta Frankie Donnenfeld (Eva Mendes), compartilha seu gosto por cocaína, mas enquanto McDonagh vai perdendo cada vez mais a noção dos limites, ela parece encontrar abrigo e redenção no ambiente pouca coisa mais familiar da casa do pai do tenente.

Em um tom muitas vezes irônico, Herzog opta por dar ao policial corrompido um tratamento que acaba tornando-o uma figura simpática e não são poucas as ocasiões em que o público acaba torcendo por ele.

Além disso, o cineasta embarca em algumas viagens do personagem e, algumas vezes, fica difícil definir se o que estamos vendo está mesmo acontecendo, ou se trata apenas de mais um efeito das drogas.

domingo, 10 de janeiro de 2010

Uma emocionante história real sobre amizade



O diretor sueco Lasse Hallström refaz com muita doçura, um filme japonês de 1987 chamado “Hachiko Monogatari”, que por sua vez, conta uma história real, acontecida no início do século XX em uma vila japonesa, mas com jeito de fábula, daquelas que servem para ensinar às crianças sobre a importância da lealdade.

Um filhote de cão da raça japonesa Akita, por acidente, perde-se em uma estação de trem na periferia de Nova York e é encontrado por um professor de música Parker Wilson (Richard Gere); que temporariamente o leva para casa, com a ideia de encontrar seu verdadeiro dono.

Mas o dono nunca aparece e o professor, mesmo contrariando a vontade da esposa (Joan Allen), resolve adotá-lo de vez.

Um colega de Parker, o professor Ken (Cary-Hiroyuki Tagawa) faz o link necessário com a cultura oriental e explica que o ideograma escrito na coleira do cãozinho significa Hachi, o número 8, que tem um significado muito especial dentro da cultura japonesa e passa a ser o nome do cachorrinho.

O tempo passa, o cãozinho cresce e desenvolve uma relação de muito afeto com seu dono, acompanhando-o todos os dias até a estação de trem, onde fica aguardando, quase imóvel, por sua volta ao final do dia.

Um belo dia, o professor não retorna do trabalho e mesmo assim, Hachi continua sua rotina, esperando por ele, por anos a fio, sempre no mesmo lugar, na estação ferroviária.

Com muita simplicidade e sem maiores apelos a pieguismos, o diretor consegue atingir em cheio o coração do público e chega a ser um desafio sair do cinema com os olhos secos.

sábado, 9 de janeiro de 2010

Bons Costumes surpreende explorando um tema tradicional: a guerra entre sogra e nora



Entre a década de 20 e 30, rapaz britânico (Ben Barnes), de origens aristocráticas, conhece uma moça americana (Jessica Biel) aventureira e moderna, se apaixona e casa-se com ela.

E tudo seria perfeito na vida do casal, se não fosse um pequeno problema: logo após o casamento, o rapaz decide apresentar a noiva à sua família.

Baseada em uma peça de Noel Coward e dirigida por Stephan Elliott (Priscilla - A Rainha do Deserto), esta comédia essencialmente britânica nos transporta para o mesmo mundo em que circulavam os personagens de Jane Austen e onde 200 anos mais tarde a tradicionalíssima sociedade rural britânica, continua a mesma em essência: mantendo as aparências como prioridade sobre o conteúdo e a origem é ainda a característica mais desejável e valorizada que um ser humano pode ter.

Infelizmente, Larita (Jessica Biel) e suas atitudes modernas de garota aventureira, que ganha a vida participando de corridas de carros ao redor do mundo está muito longe dos padrões considerados ideais pela família Whittaker e a mais inconformada com a escolha do filho é a sogra (Kristin Scott Thomas), uma mulher fútil que pretende dificultar a vida da noiva o máximo que puder.

Enquanto a sogra continua focada em seus sonhos de aristocracia e superioridade, o sogro Mr Whittaker (Colin Firth) já teve sua experiência com a realidade que existe fora das festas requintadas e dos jardins bem cuidados, lutando durante a Primeira Guerra Mundial, e prefere manter distância dos constantes ataques histéricos da esposa e filhas, isolando-se na maior parte do tempo e vendo a nora como um saudável sopro de ar fresco.

Os diálogos, a química perfeita entre os atores e a graça das situações tornam este pequeno filme irresistível. Sem falar na trilha sonora, com músicas de Cole Porter, sempre inspiradíssimas.

Uma cena de dança com Jessica Biel e Colin Firth arrasando no tango funciona como atração extra dessa diversão bem acima da média.