quarta-feira, 14 de agosto de 2013

Antes da Meia-Noite - Trilogia romântica termina com gostinho de quero mais

 


O filme que encerra a trilogia romântica do projeto conjunto entre o diretor Richard Linklater e os atores Julie Delpy e Ethan Hawke mostra, 18 anos mais tarde, o casal que o acaso formou, em uma viagem de trem, na Áustria, em 1995.

Nos três filmes, "Antes do Amanhecer" (1995), "Antes do Pôr do Sol" (2004) e "Antes da Meia-Noite" (2013) não acontece muita coisa, a ideia era a de fugir dos padrões que são considerados os rotineiros para filmes românticos, o casal se conhece, se apaixona, enfrenta todas as dificuldades para ficar junto e, no final, o público deixa o cinema imaginando que o destino e o poder do amor mudou completamente os dois destinos e criou um novo relacionamento perfeito, para sempre...

Bem... se é esse o tipo de roteiro que você vê como ideal em um filme romântico, fuja dos três filmes de Linklater. De toda a "coleção premiada" do quase sempre muito previsível cinema romântico, a única coisa que a trilogia de Linklater reproduz é o cenário, lindo e paradisíaco, por onde os personagens vivem seus dramas e falam sobre eles, falam muito, em um texto longo que parece pertencer muito mais à tradição literária, mas que visto no cinema, ajuda muito a aumentar a dimensão humana do que está se vendo.

Aliás os diálogos são muito especiais, quando acontecem entre o casal de atores, que por sinal colaboraram em sua redação; mas aqui também no núcleo de amigos de Jesse (Ethan Hawke). Um autor já consagrado, fez a fama com dois livros que descreviam seu encontro e relacionamento com Céline (Julie Delpy) e é convidado por um escritor grego para umas férias nas ilhas gregas, para onde leva Céline, Hank (Seamus Davey-Fitzpatrick), seu filho do primeiro casamento e as duas filhas gêmeas do casal.

Durante as férias, o casal entra em crise, por causa da vontade de Jesse de reaproximar-se com seu filho mais velho e grande parte das discussões do filme são sobre isso, as responsabilidades que passam a existir após o nascimento dos filhos e a beleza que continua existindo, em todo o amor, mesmo depois que o casal amadurece.

Um belíssimo fechamento para uma das mais interessantes trilogias do cinema, pelo menos, para quem (ainda) se interessa pelo que nos faz mais humanos, nestes tempos de muito cinísmo que vivemos hoje em dia. Tomara que Linklater desencane do batido formato trilogia e resolva continuar acompanhando as conversas sempre um pouco malucas de Jesse e Celine, um público cativo e encantado, agradece.


Review publicado originalmente na Revista Eletricidade

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