O público americano não gosta muito de se reconhecer nas telas, especialmente quando o retrato pintado no espelho não é exatamente aquele de cidadão moderno, que vive e deixa viver, independente de raça, cor, credo e origem.
Por isso, o excelente filme do cineasta sul africano Wayne Kramer, falando de forma sincera e clara sobre os problemas dos imigrantes ilegais nos EUA conseguiu desagradar a maioria absoluta dos críticos de cinema americanos.
Mas passado o choque inicial da constatação da proposital ausência da babaquice do politicamente correto nesta obra, resta um bom filme que narra diversas histórias de pessoas que para tentar a vida na chamada "Terra da Liberdade" descobrem que o tal do "Sonho Americano" tem cara de pesadelo.
O ponto em comum, que amarra todas as histórias é Max Brogan (Harrison Ford), um agente veterano da Imigração que para surpresa de todos e o embaraço dos burocratas robôs com que trabalha, se importa com os seres humanos que "flagra" desrespeitando as leis ao tentar sobreviver nos EUA sem a documentação legal necessária.
Entre estas pessoas, a imigrante latina interpretada por Alice Braga chega a implorar para o agente, enquanto é presa, sob o riso (sim, o riso!) de seus colegas para que alguém vá ao encontro de seu filho pequeno, que poderia ficar perdido para sempre se ninguém o ajudasse.
Em outra situação, uma garota muçulmana de 15 anos é apontada por seus colegas de classe ao FBI como suspeita de terrorismo apenas por não concordarem com o teor de seu trabalho de escola. Filha de imigrantes ilegais, embora esteja no país desde os 3 anos de idade e sem sequer falar a língua do país de seus pais, ela também é candidata a deportação.
Outra imigrante ilegal, uma modelo australiana interpretada por Alice Eve, descobre a duras penas que o sistema também tem suas falhas na pele do burocrata Cole Frankel (Ray Liotta) que exige da garota favores sexuais em troca de um acerto para sua documentação.
E por aí vai, com situações terríveis e diferenças culturais expostas de forma crua, a produção espera contar com a capacidade de indignação das plateias pelo mundo afora, já que nos EUA, a exemplo do ótimo "O Visitante", o filme ganhou fama de "filme de liberais"...
Bom, se é necessário ser liberal para enxergar seres humanos como dignos de tratamento humano, existe então alguma coisa de muito errada na mentalidade média da tal da "Terra da Liberdade". Ou não?
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